segunda-feira, 18 de maio de 2015

Graça e corrupção - Richard Sibbes

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1577–1635

“…Diz-se que o cristão é um pavio que fumega. Vemos, assim, que a graça não elimina a corrupção toda de uma vez, mas algo é deixado para que os crentes a combatam. As mais puras ações dos mais puros homens precisam de Cristo para perfumá-las; e tal é o seu ofício. Quando oramos, temos que orar outra vez para Cristo nos perdoar pelos defeitos de nossas orações. Considere alguns exemplos desse pavio que fumega: Moisés no Mar Vermelho, estando numa grande perplexidade, e não sabendo o que dizer, ou para que caminho se voltar, queixou-se a Deus. Não há dúvida de que foi isso um grande conflito para ele. Em grande angústia, não sabemos o que orar, mas o “Espírito faz petições com gemidos inexprimíveis” (Rm 8:26). Corações quebrantados não podem senão produzir orações quebrantadas.
Quando Davi esteve diante do rei de Gate (1 Sm 21:13) e se desfigurou de modo a ficar de uma maneira desagradável, naquela fumaça havia algum fogo também. Podes ver que Salmo excelente ele compõe sobre aquela ocasião, o 34, no qual, baseado na experiência, ele diz: “Perto está o Senhor dos que têm o coração quebrantado” (Sl 34:18). “Eu dizia na minha pressa: Estou cortado de diante dos teus olhos”. Há fumaça. “Não obstante, tu ouviste a voz das minhas súplicas” (Sl 31:22).Há fogo.
Senhor, salva-nos, que perecemos” (Mt 8:25), gritam os discípulos. Aqui há fumaça de infidelidade, todavia, tanta luz da fé que os incitou a orar a Cristo. “Eu creio, Senhor”. Há luz. “Ajuda a minha incredulidade”. Há fumaça (Mc 9:24).
Jonas clama: “Lançado estou de diante dos teus olhos”. Há fumaça. “Todavia, tornarei a ver o templo da tua santidade”. Há luz (Jo 2:4).
Miserável homem que eu sou!”, diz Paulo, com senso de sua corrupção. Todavia, ele irrompe em ações de graças a Deus por Jesus Cristo nosso Senhor (Rm 7:24). “Eu dormia”, diz a igreja em Cantares de Salomão, “mas o meu coração velava” (Ct 5:2). Nas sete igrejas, as quais por suas luzes são chamadas “os sete castiçais de ouro” (Ap 2 e 3), a maioria delas tinha muita fumaça junto com suas luzes.
A razão de tal mistura é que trazemos em nós um duplo princípio, graça e natureza. A finalidade disso em especial é nos preservar daquelas duas perigosas rochas contra as quais as nossas naturezas têm propensão a se chocar, a segurança e o orgulho, e a nos forçar a pôr nosso descanso sobre a justificação, não sobre a santificação, a qual, tem além da imperfeição, algumas manchas.
Nosso fogo espiritual é como nosso fogo vulgar aqui embaixo, ou seja, misturado. Em cima, o fogo fica puríssimo em seu próprio elemento; assim serão todas as nossas graças quando estivermos onde vamos estar, no céu, que é o seu próprio elemento. De tal mistura surge o fato de que os do povo de Deus têm julgamentos tão diferentes de si próprios, olhando por vezes a obra da graça, por outras o resto de corrupção, e quando eles consideram isso, pensam então que não têm graça alguma. Embora amem Cristo em suas ordenanças e seus filhos, todavia, não ousam pretender familiaridade tão próxima quanto a dele. Exatamente como uma vela no pedestal algumas vezes mostra sua luz, e algumas vezes a luz mostrada se perde; assim, por vezes ficam bem persuadidos de si mesmos e, por vezes, perplexos.”…
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Richard Sibbes – The Complete Works, Volume 1 – CHAPTER YI. Grace is mingled with Corruption
Tradução – Silvio Dutra
Fonte – Retorno ao Evangelho Verdadeiro
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Apresentação do 'Prática da Piedade'

O testemunho da Escritura é de que a Piedade é proveitosa para todas as coisas, residindo nela a promessa da vida que é, e da vida que há de vir [cf. 1 Timóteo 4:7,8].

E o que é Piedade?
É a qualidade de uma determinada prática de vida relacionada a Santidade pessoal, contrária às paixões carnais e mundanismo [Tito 2:11-13; 2 Pedro 3:10-12]. A palavra no original Grego do Novo Testamento, traz consigo o significado de uma ordeira e boa resposta do coração em reverência ao Senhor Deus. Uma outra forma de definir Piedade é descrevê-la como uma atitude pessoal para com o Senhor Deus, na forma de uma vida cujo objetivo é honrá-lO e agradá-lO.

A Piedade é proveitosa para a vida agora, conduzindo-nos em Cristo para toda a paz para com Deus, que nEle se pode receber; regozijo no Senhor, em nosso espírito, com todo prazer e alegria em Deus, nosso bom Pai e Salvador; contentamento para com os atos da Providência do Senhor. A Piedade não nos conduzirá a prosperidade, boa reputação, amigos, saúde ou tranquilidade - nada disto é prometido para o Piedoso; mas, quão maior é a felicidade de sabermos que o Piedoso será ouvido pelo Senhor em suas orações, e terá alegria nEle desde agora e para sempre! Na Piedade há promessa e esperança, de Cristo, em quem se esconde a vida do Crente, de estar unido com Cristo agora e por toda eternidade.

Nas palavras de Thomas Watson, "Como a jóia está para o anel, assim a Piedade está para a alma, ornando-a aos olhos de Deus. A Razão nos faz humanos; a Piedade nos faz anjos sobre a Terra; pela Piedade nós 'tomamos parte da natureza Divina' [2 Pedro 1:4]. A Piedade é mui próxima da glória: é 'glória e virtude' [2 Pedro 1:3]. A Piedade é a Glória em forma de semente; e a Glória é a Piedade em flor."

Assim, cremos, está mais do que justificado nosso desejo e obra em dedicar este Blog a tudo o que for útil e exemplar para nos exortar e dirigir na Prática da Piedade. Oh, Senhor, ajuda-nos, sustenta-nos, guia-nos e frutifica este trabalho!

Teologia e Pregação Reformada Experimental

O que é Teologia e Pregação Reformada Experimental? Muitas vezes chamado de Calvinismo Experimental ou Calvinismo Experiencial, se refere a uma tal forma de religião, construída sobre a Escritura Somente, fundamentada em Cristo Jesus, na qual, buscando-se incessantemente a Glória de Deus em todas as coisas, se testa ou prova, se exercita no conhecimento prático de toda Doutrina Bíblica. Entendemos que há uma vital relação entre a Teologia Prática e a Piedade; como a Escritura diz, é desejável e há regozijo e benção no exercício do Conhecimento da Verdade que é segundo a Piedade [Tito 1:1].

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