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"...Ao contrário, não nos é mandado observar ao pé da letra o dia de sábado, no que se refere à suspensão da atividade corporal, como os judeus observam; observância literal que é tida por ridícula, a não ser que signifique também descanso espiritual. Entendemos, portanto, com razão, que todas essas coisas que nas Sagradas Escrituras nos são ditas figuradamente valem para inflamar o amor que temos ao repouso, visto que no Decálogo nos é proposto figuradamente apenas o preceito do descanso, que é amado em todas as partes e somente em Deus se encontra com certeza e santidade. O domingo foi preceituado não aos judeus, mas aos cristãos, em razão da ressurreição do Senhor; e desde esse momento ganhou solenidade, porque as almas de todos os santos descansam realmente antes da ressurreição dos corpos, porém não têm aquela atividade que vitaliza os corpos que lhes foram consignados. Essa atividade é o que significa o oitavo dia, que se confunde com o primeiro, já que não suspende mas glorifica esse descanso (...) Os santos patriarcas, cheios do espírito profético antes da ressurreição do Senhor, conheceram também esse sacramento do oitavo dia, que significa a ressurreição (...) Mas quando ocorreu a ressurreição no corpo do Senhor, para que antecedesse na Cabeça da Igreja o que o Corpo da mesma espera apenas para o final, já era possível começar a celebrar o oitavo dia, que é idêntico ao primeiro, isto é, o domingo."...
Agostinho de Hipona - Carta 55: resposta às perguntas de Jenaro 13,23; Obras Completas de Santo Agostinho, Tomo 8. Madri: Biblioteca de Autores Cristãos, 1986, pp. 368-369